quarta-feira, 5 de outubro de 2011

Pancrácia

Era uma vez uma dama, que tinha uma criada meia-zaranza e papa-moscas que não sabia fazer nada de jeito. Essa criada chamava-se Pancrácia.
Mas uma altura, a dama teve que se ausentar de casa por alguns dias e disse à criada:
- Enquanto eu estiver fora, cuida bem de tudo o que tenho. A tudo que te pedirem diz sempre "Não!" Está bem?
A criada respondeu:
- Não.
A dama ficou descansada por saber que o recado estava seguro.
Um dia chegou um mendigo a casa, bateu à porta e pediu uma sopinha quentinha à Pancrácia. A criada disse:
- Não.
O mendigo:
- Pode dar-me uma esmolinha?
- Não.- respondeu a criada.
O mendigo, que afinal estava disfarçado de mendigo, percebeu que aquele "não" era de encomenda resolveu virar as perguntas do avesso pediu à Pancrácia:
- Não se importa que eu entre em casa?
E a Pancrácia disse:
- Não.
Aproveitando-se, o falso mendigo entrou de imediato em casa, e perguntou:
- Não se importa que eu leve umas lembranças desta visita?
E a Pancrácia disse:
- Não.
Então, o falso mendigo, com a ajuda da criada, foi embora com tudo o que havia em casa.
Passados alguns dias, a dama chegou a casa e, ao ver que fora tudo roubado, perguntou à Pancrácia:
- Não se importou que me levassem tudo cá de casa?
 A Pancrácia, muito bem ensinada, de imediato respondeu:
- Não!                    

                                                 Uma história de António Torrado contada por mim.


Zaranza - pessoa atabalhoada; irrefletida; doidivanas.

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