sábado, 24 de setembro de 2011

O guarda-redes medroso

"Era um guarda-redes muito medroso. Quanto mais medo tinha, à frente da baliza, mais bolas deixava entrar.
- Este guarda-redes não presta para nada. É um frangueiro e a baliza, que ele devia guardar, uma capoeira
- disse o treinador. - Não  o quero na equipa, nem para suplente do suplente do suplente. Fora com ele.
E o guarda-redes medroso foi despedido. Que havia ele de fazer? Como já estava habituado a guardar, embora mal, foi para guarda-portão ou porteiro de um grande banco.
Podia ser pior, sei lá: guarda-loiça, guarda-vestidos, guarda-vento ...
Mas não teve êxito, no novo emprego. Ganhou tanto medo que o banco, um dia, pudesse ser assaltado e ele responsabilizado por não ter feito frente aos assaltantes, que passava o tempo a tremer.
- Está com febre ou está com medo? - Perguntou-lhe o diretor do banco. - Em qualquer dos casos, a sua fraca presença à porta não dá segurança aos depositantes. Vá para casa.
E o guarda-portão, que tinha sido guarda-redes, foi despedido. Que havia ele de fazer? Como já estava habituado a guardar, embora mal, foi para guarda-freio, que é o nome que dão aos condutores dos carros-       -elétricos. Podia ser pior, sei lá: guarda-comidas, guarda-jóias, guarda-chuva, ...
Mas foi um fiasco. Tinha tanto medo que o carro-elétrico, nas curvas, derrapasse e descarrilasse, que nunca conseguia sair do mesmo sítio. Os passageiros protestavam, os outros carros-elétricos, que vinham atrás, tilintavam e todo o trânsito interrompido, empanturrado de automóveis e de autocarros, apitava, buzinava, trombeteava, num desespero.
- Saia do seu lugar, sua azémola, que é para não dizer cavalgadura - berrou-lhe aos ouvidos um polícia, tomando conta da ocorrência e dos freios do carro-elétrico. - Saia e nunca mais volte a pôr os pés num transporte público. Só não lhe digo ponha-se na rua, porque você não devia ter saído de casa.
E o guarda-freio, que tinha sido guarda-portão e guarda-redes, foi despedido. Que havia ele de fazer? Como já estava habituado a guardar, com os resultados que se sabe, foi para guarda florestal. Podia ser pior, sei lá: guarda-roupa, guarda-sol, guarda-lamas...
A princípio, todo aquele isolamento,no meio da floresta, o aterrorizava. Qualquer bicada de pica-pau num tronco, qualquer esvoaçar de melro, ao cimo das árvores,e o guarda florestal ficava com os cabelo tão em pé que até o boné lhe subia uns centímetros acima da testa. Sem exagero.
Um dia, sabe-se lá porquê, desencadeou-se um fogo na floresta que o guarda florestal guardava. Quando o sentiu e quando o viu crescer em labaredas altas, o guarda florestal apanhou tal susto que desatou a correr, a correr, a correr que só parou de encontro ao muro do fundo do quartel dos bombeiros, porque já não havia mais chão para correr.
- Fogo! Fogo! - tentava ele gritar, sem fôlego.     
Os bombeiros acudiram e o fogo foi apagado a tempo.
- Se o guarda florestal não tivesse vindo avisar com urgência, se ele não tivesse sido tão rápido, se não fosse a sua energia e o seu destemor, tinha acontecido uma grande desgraça - comentou o chefe dos bombeiros.
Elogiado, homenageado, condecorado, o guarda florestal sentia-se outro. Nunca mais teve medo de andar, sozinho, na floresta. Ele tinha sido um valente guarda florestal, toda a gente o dizia e ele próprio também achava.
Tanto assim que está a pensar mudar de profissão. Hesita. Ser guarda-noturno tenta-o. Ou guarda-costas. Ou guarda republicano. Até talvez, um dia, experimente, de novo, o lugar de guarda-redes. Já nada lhe mete medo."
  
                                                               Esta história foi escrita por António Torrado.

Quando a minha mãe nos contou esta história, a mim e ao meu irmão, demos tantas gargalhadas que eu decidi transcrevê-la para aqui para se divertirem um pouco também.

quinta-feira, 1 de setembro de 2011

Uma livraria ou um palácio?





















Hoje fui visitar a livraria Lello no Porto.
Mais parecia um Palácio. Eu gostaria de lhe chamar o Palácio da leitura.
     Que acham?
     Quando lá entrei parecia que estava dentro de uma história. Nessa história todas as pessoas gostavam de ler.


     






Uma aventura no bosque


  Este foi o primeiro livro que requisitei com o meu, próprio, cartão de biblioteca. Os livros anteriores foram requisitados com o cartão da minha mãe.
  Já estou quase acabar de o ler e estou a gostar.